Neste deserto, as dunas de areia esbranquiçada contrastam com o azul límpido do céu africano. E o silêncio é palpável, sendo interrompido apenas pelo som do vento que transmite uma sensação única de liberdade.
É um cenário que pertence a um outro mundo, onde o tempo para e pede calma. E a imensidão da paisagem convida-nos a explorar, sonhar, aventurar e maravilhar com a generosidade da natureza.
Dunas e mais dunas a perder de vista evocam uma serenidade que apazigua a alma
Deserto de Viana, o irmão mais novo do Saara
O Deserto de Viana, nesta magnífica Ilha da Boa Vista, estende-se por uma área de 5Km quadrados (5Km de extensão por 1Km de largura) e as suas dunas de areia, formadas pela força dos ventos, oferecem um pedaço do Saara no meio do Atlântico. Literalmente!
Isto porque a areia que compõe as dunas do Deserto de Viana viaja através dos ventos alísios, do Deserto do Saara, a milhares de quilômetros de distância, para finalmente repousar na Ilha da Boa Vista. O resultado é este cenário natural espetacular.
Prefira as horas de menos movimento para ter este deserto “só para si”!
Por isso, cada grão de areia que encontra no Deserto de Viana conta uma história através dos tempos e cada duna oferece uma nova perspetiva, em que o horizonte infinito inspira a imaginação e alimenta a alma.
Histórias do Sol Mágico no Deserto de Viana
O Deserto de Viana é uma experiência inesquecível para quem ama explorar a natureza ainda intocável.
Em especial ao final da tarde, quando o silêncio e a ausência de grupos de turistas é praticamente garantido.
“É verdadeiramente incrível percorrer este deserto a pé, meia hora antes do pôr-do-sol e, em seguida, enterrar os pés no topo de uma duna, para contemplar os últimos reflexos mágicos do sol na imensidão de areia deste lugar", refere Edmilson Gonçalves, um genuíno especialista nas mais belas histórias do Sol mágico do Deserto de Viana.
E aconselha: "Deixe-se ficar até o crepúsculo! Vislumbre o último sussurro de luz, meia hora após o sol se despedir".
O nascer do sol é um dos momentos emocionantes da visita
Mas se a opção for conhecer o deserto ao raiar da alvorada, Edmilson sugere chegar meia hora antes do nascer do sol para ser "saudado com um espetáculo de luz e cor, enquanto o céu se transforma numa fusão de tons quentes".
Após este momento mágico, lance-se numa emocionante aventura pelas areias, deslize nas dunas com uma prancha de madeira. Vai viver uma experiência que mistura a tranquilidade do deserto com o êxtase de surfar num mar de areia.
Será recomendável ir preparado com água, chapéu, protetor solar, óculos escuros e, claro, o telemóvel ou uma câmara para capturar a beleza deslumbrante do deserto, que está no TOP dos lugares mais instagramáveis de Cabo Verde.
Estrelas que iluminam o deserto encantado da Ilha da Boa Vista
Engana-se quem pensa que a beleza do Deserto de Viana se resume às horas de sol. Quando o astro rei se põe e as estrelas cintilam no céu, as dunas são uma experiência noturna mágica, através da observação de corpos celestes.
Um dos momentos da observação de estrelas
Foto: Projeto Naturália
O “Stargazing” dá aos amantes de astronomia e aos turistas em geral, uma oportunidade única para contemplar o universo, bem no meio do deserto, num cenário deslumbrante de estrelas coloridas, constelações e planetas distantes.
Esta experiência promovida pelo Projeto Naturalia da Boa Vista, começa ao anoitecer, com os visitantes a serem recebidos pelo Viana Club com um welcome drink, seguido de um jantar buffet com pratos tradicionais cabo-verdianos, incluindo os da Ilha Boa Vista.
Fazem parte do menu, especialidades locais como o frango com massa de milho (totoco), bife de atum, espetadas de porco e xerém. E ainda sobremesas que vão dos doces de fruta da época ao doce de batata doce e pudins, sem esquecer os biscoitos de areia e gelados artesanais. Tudo isto acompanhado pelo aconchegante café cabo-verdiano e pela música local ao vivo, incluindo as melódicas mornas.
E é com esta atmosfera acolhedora e autêntica, que reflete a morabeza no seu melhor, que estão criadas as condições para o início da atividade.
De olhos postos no alto, sob a orientação de guias especializados e com o auxílio de equipamentos profissionais, os participantes têm a oportunidade de ver de perto os detalhes do universo que revela alguns dos seus segredos.
A experiência é toda ela em si um momento de admiração e também de aprendizagem, inclusive com atividades especiais destinadas aos mais pequenos, aos quais os Guias do "Stargazing" explicam entusiasticamente a importância que os corpos celestes tiveram para os antigos e grandes navegadores.
Quem participa no Stargazing leva consigo uma experiência incrível | Foto: Projeto Naturália
Mas além das mil e uma aventuras que este deserto proporciona, a Ilha da Boa Vista reserva muitas outras maravilhas a descobrir, como a aldeia de Rabil e a Praia da Atalanta.
Para além do Deserto: Explore as tradições e histórias seculares da Ilha da Boa Vista
Na aldeia de Rabil floresce a tradição milenar da cerâmica. Diz quem visita, que em Rabil a arte de moldar o barro se entrelaça com a alma cabo-verdiana, originando peças de artesanato únicas e imutavelmente belas.
As mãos experientes preservam a tradição que continua a encantar os visitantes
Conheça a fábrica de olaria, um emblemático espaço repleto de souvenirs que contam histórias sobre a herança cultural da Boa Vista e preservam uma memória da ilha que poderá levar para casa.
Em seguida parta rumo a praia de Atalanta. Um outro destino tão ou mais invulgar que o anterior.
É impossível ser indiferente às palavras de Ginevra Rossi, do Museu dos Náufragos em Sal Rei, quando se refere ao cargueiro espanhol encalhado em 1968: “Na Praia da Atalanta, encontramos abrigada uma cápsula do tempo marítima na forma dos vestígios do “Cabo Santa Maria”
Hoje, o que sobrevive é o “esqueleto” do navio e as histórias que passam de geração em geração
“Reza a história que este navio estava a caminho do Brasil e da Argentina com uma missão de caridade, com presentes do governo espanhol para os países menos desenvolvidos”, recorda Ginevra, acrescentando que “o destino tinha outros planos e o “Cabo Santa Maria” encontrou o seu repouso eterno nas areias da Boa Vista”.
A verdade é que hoje sobrevive apenas o esqueleto do navio, que enfrenta diariamente e de forma intensa, a erosão do tempo e do mar.
A visão destes restos é mais um ponto alto de interesse turístico desta ilha, para além de “uma poderosa lembrança da força da natureza”, refere Ginevra.